Agora é com você (2)
4 min readMais carvão na fornalha…
Os muitos caminhos para o ´Cale-se Sagrado´ (Santo Graal da mixagem)
Uma grande mixagem final é tudo o que importa para um bom produtor musical. Você colocou um tremendo esforço em cada passo do processo da produção, passou horas e mais horas escutando, reescutando trechos, corrigindo freqüência etc etc, até o momento em que não se fala mais nada do que se deve ainda fazer. A mente se calou, o ouvido sossegou, a mix está pronta.
Como você chegou a esse resultado, é com você. E nem sempre você seguiu regras e mais regras, tudo devidamente organizadinho, anotadinho, bonitinho, inho, inho e mais inhos. Não, não é somente assim.
Muitas vezes, idéias surgem do nada, até de acidentes em botões e presets de hardware, softwares etc. E isso não é ruim. Afinal, somos robôs?
Não se assuste se seus métodos não batem com os grandes métodos, se seu workflow se tornar algo pessoal, distinto do que você lê por aí em livros, fóruns e artigos.
O que vai importar é o que vai acontecer quando você apertar a tecla play, e o cliente abrir o sorriso de pura satisfação, ou, caso seja seu som, mesmo, você der pequenos socos no ar, de comemoração.
E – para isso – não há apenas um caminho. Há vários.
Comece com o elemento principal mais importante
Todo gênero musical tem seus instrumentos que se destacam primeiramente que outros. Em um som acústico, você vai focar primeiramente na voz e o arranjo de violão, pra começar. Às vezes até uma melodia frágil somente com a voz. Som de rock, claro que você vai avidamente avaliar os riffs de guitarra e depois voz e outros instrumentos. Trance, o kick. Dubstep, a caixa. E por aí vai.
Os elementos principais do gênero vão funcionar como uma primeira iluminação – fraca, média ou forte – numa estrada ainda a ser pavimentada (acabei de inventar isso, mas creio que exemplifica um tanto da situação (risos)). Enfim, trabalhe com isso, e vá pavimentando a tal estrada a partir desses elementos. E – claro – sabendo que tudo pode se transformar durante o processo. Até partes iniciais serem abandonadas! E isso é o tesão da coisa: a forma e a não forma sempre se interagindo.
Eu, particularmente, acho esses primeiros momentos do nascimento do projeto um dos mais gratificantes, ao lado das partes finais da mixagem, quando tudo já tomou forma e estamos só polindo o diamante. Mas dane-se o que eu penso. O importante é o seu processo e o quanto você se aproveitará dessa dica.
Não culpe sua mixagem por causa dos equipos que tem
Se são os VST´s, sua placa, sua DAW, seus monitores… – não fique dando desculpas.
Essa dica sempre gerou controvérsias. Todos os fóruns e grupos que passei, sempre houve mesma discussão. Ajuda ter equipamentos caros para produzir coisas significativas?
Sim, claro que ajuda. Mas também o contrário não vai limitar ninguém. O pouco que eu pesquisei, já apareceram engenheiros, produtores e artistas falando que é possível gravar coisas significativas em home studios. Claro que devem ser consideradas as devidas perspectivas. Masterização terá de ser em estúdio profissional, para ter coerência em todas caixas de som. Bandas ao vivo, orquestras etc e tudo nessa linha será impossível. Mas, do contrário, sim, é possível.
Dêem uma olhada nesse artista que sempre esteve nos melhores estúdios, e que resolveu gravar tudo com uma placa e um mic de $100 doletas, e mixou tudo no garage band do seu laptop.
O resultado é que a Columbia Records quis soltar seu EP, assim que ele terminou. Tiveram que dar uma masterizada, pois havia discrepâncias de frequências etc, mas, no caso, é a história que os elementos artísticos superam os técnicos. Se você escutar as canções, verá que há um artista sério, e que a gravação é de fato low tech.
http://www.allmusic.com/album/the-green-room-sessions-mw0000475131
´Sou eu mesmo que limito minha arte, não o equipamento´ .
Cuidado com os low-ends
Reza a lenda entre produtores e engenheiros que as frequências low-end (abaixo de 250Hz) são as mais difíceis de mixar. Erro comum é encher esse range de freqüência com praticamente todos os instrumentos estacionando as traseiras de seus carros nesse local.
Cuidado com a mix embolada! Mas cuidado também com a mix magra.
A dica – e simples – é manter primariamente apenas os instrumentos que – naturalmente – tenham identificação sonora com esse espectro de freqüência, e a partir daí, começar o polimento. Lógico que essa não é uma fórmula definitiva. E sempre vai ter um engraçadinho que acabou de aprender aquela frase de impacto, ´Não há regras. Há somente o que soa bem e mal´ .
Sei…
Bom, vocês entenderam. Aliás, para bons músicos, meia oitava basta.
Muito legal as dicas.. Obrigado…..
Eu é que agradeço o retorno (y)
Zica manoou, ajuda muito as dicas!