Os Medos No Caminho Do Artista (parte I)
4 min readJunto com diversos tutorias de produção musical e fotografia, costumo gastar algum tempo também em artigos de life coaching. A essa altura, muitos já devem ter percebido que, mesmo que você esteja num patamar de algum domínio da sua arte, você precisa de conhecimento e estratégias de vida para fazer com que essa sua arte se concretize e te sustente – e por um bom tempo – no mundo real. Certamente o último e o mais difícil passo de se atingir, momento em que muitos perecem e desistem, ou até, devido a escolhas erradas, permanecem apenas por breve período de tempo nesse mercado.
Numa desses surfings na rede, vi esse artigo que está rodando muitos blogs, mundo virtual afora (achei primeiramente na página de um fotógrafo).
O artigo da rede trata brevemente dos 5 medos que podem acabar com a vida de um artista. Não venho aqui para discutir se são somente os cinco mencionados, se há mais que cinco, menos que cinco etc etc. São esses os cinco que serão usados para reflexão e, quem sabe, possam servir de ferramentas para se descobrir se há mais, ou não, e também compreendê-los, talvez superá-los.
Apesar de terem sidos direcionados para todos os artistas em geral, vou restringi-los ao mundo da produção musical e de músicos atuantes, coisa que geralmente muitos dos produtores e aspirantes o são.
Sendo assim, reescrevi-o e acrescentei conclusões minhas, voltadas para a nossa área aqui, para dar uma aprofundada no assunto. Afinal, executar um instrumento com perfeição e sentimento não é uma arte? Gerar e capturar aquele timbre não é uma arte? Mixar não é arte? Compor, produzir não é uma arte? Tem técnica? Tem. Mas tem mais que isso… e vocês sabem.
Enfim, certamente, um desses medos ou mais já passou na cabeça de qualquer um que decidiu se embrenhar pelo caminho árduo, incerto e impermanente das artes.
Quem nunca se questionou por 1 minuto, 1 hora ou 1 dia, que atire a primeira pedra no vidro da técnica (risos).
1# Insegurança (E se eu não for bom o suficiente?)
Este é provavelmente o medo número um de qualquer profissional na área de criação. Por mais que a nossa arte enriqueça a nossa vida e as vidas de outras pessoas, dependendo da mídia artística (dvd´s, cd´s, vinis, shows etc), a música continua a ser algo que nós – pelo menos como consumidores – provavelmente poderíamos viver sem… (como é que é, mutherfucker???).
Explico: quando o dinheiro está apertado, luxos como compra de livros, vinis, cd´s, dvd´s, shows, workshops, softwares, equipamentos são muitas vezes os primeiros a saírem do orçamento. Não somos médicos nem mesmo agricultores em fornecer um serviço, ou criar um produto em que as pessoas não consigam viver sem, constantemente. Somo artistas, e, como tais, estamos um tanto cientes disso, o que, por sua vez, só ajuda a alimentar o nosso senso de insegurança. Tipo, quem se importa se sua ideologia é a música, se você depende dela como um ser humano depende de alimento, as sensações que ela te proporciona, os mundos paralelos para os quais ela te transporta e que, sem ela, aquele louco do Nietzsche estava certo em dizer que a vida seria um erro?
Então se você não for bom o suficiente, nada disso valeria coisa alguma? Afinal, quem vai contratar seu trabalho, ou ir aos seus shows?
Há milhares de casos de pessoas que se embrenharam pelos caminhos das artes, desistiram porque presumiram não serem bons o suficiente e foram tentar outras coisas (quais até acabaram se tornando bem sucedidos e não arrependidos). Estavam certos? Errados? Não sei e não há como saber.
Para arrematar, o texto diz que a cura para essa insegurança é surpreendentemente o não sucesso. O mundo já está cheio de artistas famosos e bem sucedidos que, mesmo num outro patamar, estão também crivados de depressão e sentimentos de insegurança. Infelizmente, para a grande maioria de nós (e pode escrever um número bem grande), isso é algo que nunca vai embora completamente, junto com o fato de ainda não termos chegado lá. Portanto, temos de encontrar uma maneira de viver com essa dúvida e valorizar ainda mais essa relação pura do nosso ser com o processo criativo, tanto quanto o próprio trabalho que dele resulta.
Minha conclusão: se você vai conseguir fazer isso o sustento da sua vida ou não, não importa. A questão é que a arte que você escolheu e se sacrifica é o que define o âmago da sua existência. No fim das contas, será aquele porto seguro em que você poderá afirmar em alto e bom som ´Eu sou isso, isso sou eu: a minha arte´. E você sempre terá uma parcela da sua vida para se dedicar a ela, seja atuando profissionalmente ou não, ganhando muito dinheiro ou não.
Pode não parecer muito, eu sei. Mas quais certezas que realmente temos nessa vida, além daquela que nos torna mortais?
E muita calma… Esse foi só o primeiro ´medo´ do artigo.
Muito bom Marcelo Voss, obrigado por enriquecer o conteúdo do blog, com certeza você era a peça dessa engrenagem que estava faltando… Excelente artigo. Abração!!!
Sir Jorge, eu é que tenho que agradecer pela oportunidade, confiança depositada e pelas ótimas palavra de encorajamento. grande abraxxxx, my friend!
Muito bom! Aguardo o próximo post contente e grato pelo belo trabalho que você está fazendo!